Feijão
Ipês enfeitam a praça
insones; amarelos,
indiferentes a tudo que perdeu a graça
um cachorro vazio, um copo sem fundo, um buraco no ventre, um ventre sem mundo
o assovio do moço de guarda-chuva
que não guarda nada
ou fosse só uma pomba,
uma fresta, o voo sem plano
de uma traça
um corpo sem forma
um sono sem tempo
um medo do espelho
a cachoeira em silêncio
drone, pipa, origami...
avião
antes do começo
um caule despetalado
mal me quer
uma cárie no caule
do dente de leão
quem me quer?