sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Feijão


 Ipês enfeitam a praça 

insones; amarelos,

indiferentes a tudo que perdeu a graça


um cachorro vazio, um copo sem  fundo, um buraco no ventre, um ventre sem mundo


o assovio do moço de guarda-chuva

que não guarda nada

ou fosse só uma pomba, 

uma fresta, o voo sem plano

de uma traça


um corpo sem forma

um sono sem tempo

um medo do espelho


a cachoeira em silêncio 

drone, pipa, origami...

avião

antes do começo


um caule despetalado

mal me quer

uma cárie no caule 

do dente de leão

 quem me quer?


Nenhum comentário: